24/06/2014

Agora eu tenho um "black"!


Foto tirada em abril 2014
        Hoje parei para pensar na minha transição, afinal são 6 meses de abstinência de química. Foram 30 anos de química atras de química: relaxamento um dia, 15 depois tintura, depois de mais 15 dias outro relaxamento. Religiosamente. Meu cabelo é um guerreiro! Aguentou firme pastas de alisar ( muito usadas nos anos 80), pranchas e chapinhas que fritavam até o cérebro, tinturas de cores diferentes. O cabelo foi "minguando", ficando feio. O medo de cortar me apavorava. Sem contar que não admitia me ver de cabelo curto. Achava que a feminilidade da mulher estava no cabelo grande, não importando o sacrifício. Em dezembro de 2013 resolvi dar um basta nesta vida de escravidão. Assistindo a vários vídeos de pessoas que passaram pela transição, tomei coragem e decidi. Assim como as promessas do ano novo, começaria 2014 sem química. 
Primeiro corte em maio
Mas o medo do B.C. ( big chop) ainda estava lá. O temor do cabelo curto e tudo que viria com ele me assombrava: medo do que as pessoas falariam, das críticas dos familiares e da aceitação do meu marido. Não fiz B.C. e meu cabelo aceitou muito bem os primeiros 5 meses. Cresceu e ficou bem "vistoso".A mudança estava nítida. Recebi vários elogios e estava muito feliz.Me sentindo uma diva.
2º corte em maio
     Porém meu cabelo mudou bruscamente em maio e para meu desespero ele se tornou seco e sem forma. Cortei 3 vezes  no mesmo mês, tentando achar uma solução. Resultado? O cabelo acabou ficando curto ( como eu temia). Como voltar atrás? Não tinha jeito. O que fazer? Nada. Apenas esperar que ele cresça novamente e aguentar as críticas da sociedade. Para minha surpresa recebi mais elogios do que quando ele estava grande! Isso foi me dando confiança e me comprometi a cuidar dele para que ele cresça mais rápido e mais bonito ( além de saudável, claro!).
Ultimo corte em maio.
      Muitas vezes até me deu uma pontinha de arrependimento por tê-lo cortado tão curto, afinal, eu temia isso e nunca havia tido o cabelo assim. Um mês depois percebo o quanto ele cresceu e eu posso dizer que eu ostento um "black"! Sim, senhoras e senhores, eu tenho um black! Quem diria. Um sinônimo de rebeldia e força dos negros nos anos 70, que já foi moda e agora é sinônimo de aceitação do seu eu. Sim, eu aceitei o meu "eu". Meu cabelo crespo é minha personalidade e ele traduz aquilo que quero ser: natural e livre.  Livre da química, das imposições da sociedade e da opinião alheia. 
      Hoje não me arrependo mais, nem por um minuto, pois vejo o tanto que ele cresceu e hoje está diferente, se desenvolvendo.O meu cabelo ainda tem química, algumas pontas lisas insistem em não enrolar, mas eu consigo domá-las. Haja braço para tanta fitagem! Rs...Mas o que importa? Eu estou diferente e feliz com o meu cabelo. Ainda ontem me lembrava quando tinha que comprar produtos para relaxar os fios e fingir que meu cabelo era diferente, desesperar quando a raiz crescia crespa e ter que esperar dar um mês para aplicar o produto. Seis meses se passaram e eu quase não acredito, pois não imaginava que chegaria tão longe! Foi fácil? Claro que não! Ninguém disse isso. Pelo contrário. Senti na pele a rebeldia do cabelo se voltando contra mim após anos e anos de química severa. Hoje eu já estou contando até chegar a 1 ano. Quero ostentar a minha cabeleira black por ai, sem medo de ser feliz! Desculpa, sociedade, agora eu tenho um black!

Hoje, junho de 2014




2 comentários:

  1. Oi!! Amei o seu blog e já estou seguindo!! Poderia seguir o meu??

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  2. Sim! Deixe o link para que eu faça uma visita!

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